quinta-feira, 6 de novembro de 2008

“As pessoas precisam acreditar mais na música!”
.
DJ Marky foi a grande atração da festa de um ano da Ziriguidrum, na qual falou sobre como anda o drum’n’bass no Brasil e no mundo.
.

.
O recém inaugurado clube Mary Pop localizado na Rua Ana Cintra, travessa da São João, no centrão de São Paulo, foi o palco da festa de um ano da Ziriguidrum, projeto de drum’n’bass idealizado pelos DJs Thiago UN e Gustavo Mircko, o DJ Slim. A edição especial da festa recebeu um público de mais de 600 pessoas, que foram prestigiar as batidas quebradas, lotando a pista do Mary Pop.
.

.
O projeto começou timidamente com edições em diversos Clubs, até fixar residência mensal no charmoso Audio Delicatessen, na Vila Madalena. A festa de aniversário, portanto, foi uma edição-extra no novo dinning club do centro de São Paulo. DJ Marky foi o grande convidado da festa, mas antes dele o som rolou solto com Twist Project...

... que fez um belo warm-up para o residente Slim entrar em ação, pois além de um ano de “Zirigui”, como chamam os mais íntimos, era também o seu aniversário.
.

.

.
A expectativa de Slim em relação a sua apresentação mostrava um nervosismo misturado com ansiedade e euforia, o que resultou num set cheio de variações, do deep ao heavy, deixando o público do club em êxtase.
.

.
Thiago UN, outro residente, manteve a vibe do público, com um set super “pra cima” e soltando grandes hits para o deleite daqueles que esperavam o grande momento da noite, a hora de cortar o bolo, ou melhor, a apresentação de Marky.
.

.
Eram 2h36 quando um dos melhores DJs do mundo, único a se apresentar em todas as edições do Skol Beats, assumiu os toca-discos e, com toda a maestria e intimidade que tem com o público, foi despejando sons e mais sons que pareciam entorpecer as mentes de todos que vibravam e dançavam muito com sua apresentação. Era uma noite realmente digna de comemoração.
.

.

.
Mais do que animado, alternando com faixas deeps e experimentais, seu set foi explêndido, mostrando por que Marky é, indubitavelmente, um dos melhores DJs do mundo. Dois momentos marcantes em seu set: o primeiro quando colocou nos decks o remix de “Jump”, do TC – o público simplesmente explodiu! E o outro aconteceu momentos antes de deixar o comando das pistas para o king of the jungle, DJ Davi Killa, executando o remix do clássico “Super Sharp Shooter”, de DJ Zinc. O Mary Pop quase veio a baixo.
.

.
Depois disso, Davi assumiu os turntables e destilou mais um incrível set, relembrando o passado com os maiores sucessos do hardcore e jungle.
.

.

.
Bacana foi ver Marky dançando como um louco na frente dos toca-discos, assim como seus fãs, realmente incrível. A festa de um ano da Zirguidrum teve sucesso garantido por todos aqueles que estavam envolvidos. Desde a organização, o clube, os artistas e principalmente o público, que fez uma festa mais do que bonita, excepcional!
.

.
Por volta das 6h30, quando a festa havia terminado, DJ Marky ainda falou, em uma breve entrevista, sobre a Ziriguidrum, sobre como anda o DB no Brasil e ao redor do mundo. E ainda comentou sobre as críticas de alguns especialistas em música eletrônica, sobre a suposta “morte do gênero” !
.


Entrevista com DJ Marky:

.Um ano de Ziriguidrum, você já tocou nessa festa em outra oportunidade. Como foi a noite pra você e qual é a importância dessa festa para a cena DB nacional?
.
Ótima festa, muito boa e bonita, fazendo um ano de vida, sempre trazendo grandes artistas, com um bom público. Realmente já toquei neste projeto em outra oportunidade e sempre é bom ver a pista cheia. Essa iniciativa dos meninos, do Slim e do Thiago, é muito importante para manter o drum’n’bass sempre na ativa. Não só eles, mas existem outras muitas festas aqui em São Paulo e todas são muito importantes.
.

.
A Ziriguidrum é uma das boas festas de DB que existem na cidade, sempre se renovando, mudando, trazendo artistas de diferentes estilos, e hoje nesse clube muito bonito. Os meninos estão realmente de parabéns por manter a festa e espero que ela só cresça, pois tem tudo para que isso aconteça.
.
Recentemente você lançou um álbum somente de Influências o “Influences – Compiled and Mixed by DJ Marky”. Quais as expectativas em torno deste novo álbum? Venderá por aqui?
.
Não iremos lançar ele no Brasil, mas posso dizer pra você que já está sold out, já foi tudo vendido tanto em CD quanto Vinil e as expectativas em cima dele foram maiores do que o esperado e estamos muito felizes por isso. Muitos bons comentários. Nesse álbum tentei mostrar as músicas que fizeram e fazem parte da minha vida, da minha formação musical, da minha carreira.
.

.
Está tudo indo muito bem. Podemos dizer que a classificação drum’n’bass se inaugurou, oficialmente, em 1995. São quase 14 anos de história, fora o tempo de Hardcore e o Jungle. Como anda a cena db no mundo, principalmente na Europa, e o que falta para engrenar de vez aqui no Brasil?
.
Está ótima, muito grande, com grandes festas, grandes artistas e o principal é o som que se renova. O que falta para dar mais certo do que já está aqui no Brasil é o público começar a frequentar mais as festas. Temos várias festas que tocam diversos estilos dentro do drum’n’bass e talentos incríveis que estão produzindo muitas músicas de qualidade e festas boas também.

Exemplo disso é a Ziriguidrum, que hoje está nesse clube muito bonito e bem estruturado. As pessoas têm de parar de escutar só o que está na moda. Essa coisa só de escutar os “ué ué ué” tem que acabar. Não que seja ruim, mas existem muitas coisas boas, ótimas produções de deep, por exemplo. As pessoas precisam prestar atenção nos artistas bons daqui do Brasil também. Tem muito Top DJ internacional que se prende aos Top10 e esquecem ou simplesmente não tocam outras músicas de qualidade. Na minha festa lá em Londres (DJ Marky and Friends) eu levo alguns desses Top DJs, mas os que realmente se importam com a música e não com o que está na moda. Levei esses dias o Andy C pra tocar na minha festa e ele tocou uma música extremamente comercial e muitas outras do selo dele, enquanto eu, por outro lado, tocava o “Mr. Right On”, do Calibre, música que poucas pessoas gostam. No outro dia toquei novamente com o Andy C e ele fez um set totalmente diferente, com músicas bacanas. Sabe? São pessoas assim que sabem sentir a música, sabem conduzir.
.
Algumas pessoas da imprensa especializada em música eletrônica disseram, no pós-Skol Beats, que o festival havia marcado a “morte do gênero no país”. O que você tem a dizer em relação a essas declarações sendo que, mais do que nunca, existe um grande leque de artistas ao redor do mundo que estão produzindo diferentes tipos de sons dentro do próprio DB e com diversas festas como a que você tocou hoje?
.
Você disse tudo, cara! Olha a quantidade de artistas que produzem músicas boas, desde o heavy até o deep, festas comemorando aniversários - está aí o exemplo, não preciso dizer mais nada. Olha, não tenho nada contra o techno, trance, house, nada contra nenhum estilo musical, mas eu acredito no drum’n’bass, foi isso que escolhi pra minha vida e estou muito feliz. As pessoas falam muito disso, daquilo, pois ficam se prendendo a coisas que estão na moda. As pessoas precisam acreditar mais na música. Um estilo que se renova sempre como o DB não morre assim, de repente. Isso é uma coisa que eu tento passar no meu programa de rádio, sempre tocando sons diferentes, estilos diferentes dentro do gênero e mostrando para as pessoas que a música não é só aquilo que está no Top 10. Tem muito artista grande, Top DJ que fica preso a isso. Eu acredito na música! Sabe, as pessoas falam muita besteira, dizer que o DB morreu... Eu não preciso provar nada pra ninguém. No Skol Beats toquei depois de uma grande atração, o Justice, e isso é muita responsabilidade. Fui lá, toquei a minha música, o que eu acredito, a galera ficou lá dançando porque também acredita, porque gosta e isso é a resposta para essas pessoas que falam esse tipo de absurdo. Eu sou isso, cara... faço o que gosto e o que eu acredito. texto: Guilherme do Carmo / site “Skol Beats”
.
lista: ziriguidrum@uol.com.br lista: ziriguidrum@uol.com.br . . . . . .